segunda-feira, 1 de março de 2010

TECNOLOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO

TECNOLOGIA NA ESCOLA: POR QUÊ?

Instituições educacionais não existem no vácuo. Elas são influenciadas pelos eventos sociais que constantemente ocorrem em torno delas. Os recentes avanחos no ambiente de trabalho, o crescente retorno dos adultos ao ambiente educacional - formados pela necessidade de educação continuada e as tendências econômicas estão forçando as instituições educacionais a mudarem.
(TREUHAFT Jack, Changes in Education¬www.algonquincollege.com/edtech/change.html)

É dentro da perspectiva do inter-relacionamento escola-sociedade, das mudanças sociais e da necessidade de a escola ajustar-se a elas que entende¬mos o importante papel que a tecnologia e, em especial, as tecnologias da informação e comunicação tem a desempenhar na estruturação de uma educação sintonizada com as demandas mais atuais.

É preciso revisitar o passado para entender o presente e vislumbrar o futuro das íntimas relações existentes entre sociedade, tecnologia e escola. No excelente livro As Tecnologias da Inteligência, Pierre Levy, um dos principais estudiosos dos impactos sociológicos das novas tecnologias, apresenta-nos um amplo cenário das transformações por que pas¬sou a humanidade, desde os seus primórdios, e que serve de pano de fundo para esta introdução.

A sociedade humana já foi ORAL. Naquele tempo, a tecnologia para preservação e transmissão do conhecimento e da cultura era a palavra, e a metodologia, a repetição. Sentados ao redor da fogueira, os membros da tribo escutavam histórias, repetidas ad infinitum pelos anciãos. Se fossemos representar graficamente a sociedade oral, o melhor símbolo seria o círculo. O conhecimento existente - as tradições e os mitos - circulavam conti¬nuamente através da repetições.

Chegou o tempo da sociedade ESCRITA. Com a possibilidade de se registrarem os fatos, podia-se avançar, uma vez que a memória mítica não corria mais o risco de se perder, por estar definitivamente gravada. A escrita passa a ser o instrumento tecnológico para a preservação e transmissão do conhecimento, e a linha, a linearidade e a cronolo¬gia - uma coisa depois da outra - passaram a ser a metodologia.

Entramos, em seguida, na era DIGITAL. Pela transformação de átomos em bits, a capacidade de armazenamento de informações multiplicou-se astronomicamente. A quantidade de conhecimento produzido dobra em espaços cada vez mais curtos de tempo. As gerações mais novas passam a raciocinar hipertextualmente, confrontando explicitamente a lógica tradicional, a linearidade e a cartesiana. Paralelamente, descobre-se que as pessoas aprendem de formas diferentes – os aprendizes podem ser auditivos, visuais ou cinestésica e que há múltiplas formas de ser inteligente. - o advento da Internet - a rede que interliga os computadores mundiais - os depósitos de informação transformam-se em vasos comunicantes.


Diferentemente do que ocorria nas duas formas anteriores de sociedade, na sociedade digita mais se espera que as pessoas sejam capazes de apenas memorizar e reproduzir textualmente informações que Ihes foram passadas através palavras e da escrita. Até porque, no passado era possível guardar na memória o acervo informacional, pois a quantidade de informações crescia aritmeticamente. Nos últimos 50 anos, vivemos um verdadeiro big-bang informacional, em que o crescimento da quantidade de informação se dá exponencialmente.

Depois de passar pela sociedade agrária e pela sociedade industrial, encontramo-nos hoje na socie¬dade do conhecimento, em que o grande gerador de riqueza passa a ser o próprio conhecimento em substituição à terra e ao capital, molas propulsoras dos dois modelos anteriores de sociedade.

Muitas são as definições possíveis de conhecimento, mas a que nos parece mais adequada contexto educacional, é a que o coloca como “Informação transformada em capacidade de ação efetiva” (European KM Forum), ou seja, a capacidade de aplicar a informação a um trabalho ou a resultado específico. O conhecimento tem, porta por matéria-prima a informação (trabalhada, significada e transformada em ação, e esta é sua vez, o fruto da combinação significativa de dados (nesta perspectiva, preferimos, por mais abrangente, a denominação sociedade do conhecimento e não sociedade da informação, como a era atual é também conhecida).

Em sua formulação dos Códigos Modernidade, o grande educador Colômbia Bernardo Toro destaca, entre as capacidades e (Competências mínimas para a participação produtiva século XXI: capacidade para localizar, acessar e melhor a informação acumulada.

Num futuro bem próximo, não será possível ingressar no mercado de trabalho sem saber localizar dados, pessoas, experiências e, principalmente sem saber como usar essa informação para resolver problemas. Será necessário consultar rotineiramente bibliotecas, hemerotecas, videotecas, centros de informação e documentação, museus, publicações especializadas e redes eletrônicas.
(in: http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=2)